quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cientistas acham no Ártico músculo e sangue de mamute conservados


À esquerda, músculos bem preservados encontrados na carcaça de um mamute; à direita amostra de sangue coletada por cientistas na região do Ártico (Foto: Semyon Grigoryev/AFP)À esquerda, músculos bem preservados encontrados na carcaça de um mamute; à direita amostra de sangue coletada por cientistas na região do Ártico (Foto: Semyon Grigoryev/AFP)
Cientistas russos afirmaram que foi possível retirar sangue e pedaços de músculo de uma carcaça bem preservada de mamute, encontrada em uma expedição feita a uma ilha remota do Ártico.
De acordo com os pesquisadores da Universidade Federal do Nordeste da Rússia, o achado dá nova esperança aos trabalhos deressuscitar esta espécie extinta da natureza. Semyon Grigoryev, chefe da expedição, afirma que o animal encontrado é uma fêmea que morreu com 60 anos de idade há cerca de 15 mil anos.
Foi a primeira vez em que foi possível encontrar sangue e músculos bem preservado em uma carcaça.
“Quando nós quebramos o gelo que estava abaixo de seu estômago, o sangue fluiu para fora e era muito escuro”, disse Grigoryev. “Esse é o caso mais surpreendente da minha vida. Como foi possível ele [o sangue] permanecer na forma líquida por tanto tempo? E o tecido muscular, da cor vermelha, sinal de carne fresca?”, explica.
A carcaça ficou bem preservada pois caiu em uma poça de água que, mais tarde, congelou. A parte superior do corpo, incluindo a parte de trás da cabeça, foi comida por predadores.
Trabalho difícil
A decodificação do DNA do paquiderme pré-histórico, que leva a informação genética sobre o animal, é um trabalho árduo que, em muitas ocasiões, termina em fracasso, sem encontrar uma única célula viva.

Os mamutes apareceram na África há três ou quatro milhões de anos, dois milhões de anos atrás emigraram para Europa e Ásia e chegaram à América do Norte há 500 mil anos, passando pelo Estreito de Bering.
Para a ciência continua sendo uma incógnita a causa de seu desaparecimento, que começou há 11 mil anos, quando a população destes animais começou a diminuir até a total extinção dos últimos exemplares siberianos há 3,6 mil anos.
Carcaça de mamute encontrada pelos cientistas na região do Ártico (Foto: Semyon Grigoryev/AFP)Carcaça de mamute encontrada pelos cientistas na região do Ártico (Foto: Semyon Grigoryev/AFP)

Fonte: G1

domingo, 26 de maio de 2013

Vênus, Júpiter e Mercúrio alinhados no céu prometem show celestial no fim de semana


Sem títuloss
O pôr do sol do dia 26 de maio será muito especial. Nessa data, no final do dia, logo após o pôr do sol, os planetas Vênus, Júpiter e Mercúrio irão se reunir no crepúsculo, durante o desvanecimento da luz do dia para formar um triângulo brilhante de apenas três graus de largura.
O evento é tão fantástico que poderia mesmo ter uma releitura mais filosófica. Na qual se reuniriam os meio-irmãos Afrodite (Vênus) e Hermes (Mercúrio), respectivamente deusa da amor e sexualidade e o deus da fertilidade e da divinação, sob os olhos de Zeus (Júpiter), pai dos deuses.
Os dois planetas mais brilhantes dos céus noturnos ficarão bem próximos um do outro, Vênus e Júpiter (Afrodite e Zeus) bailam juntamente com Mercúrio (Hermes) bem próximos à linha do horizonte oeste.
Alinhamento Vênus, Júpiter e Mercúrio - Blog Victoralm
Conjunções triplas são relativamente raras, segundo a Nasa. A última foi em maio de 2011 e a próxima não ocorrerá antes de outubro de 2015. ”Essa (conjunção) tripla é especialmente boa porque envolve os três planetas mais brilhantes do céu escuro em maio”, afirmou a agência espacial dos Estados Unidos em sua página na Internet.
A formação deve ser visível mesmo em locais com cidades bastante iluminadas. Astrônomos sugerem aos observadores do céu que deixem Vênus e Júpiter serem o seu guia. Quando o céu escurecer, os planetas serão visíveis a olho nu.
“Eles realmente brilham tão intensamente que você pode confundi-los com um ou dois aviões se aproximando com as suas luzes de pouso ligadas”, escreveu a revista StarDate, da Universidade do Texas, em seu site.
No domingo, o Mercúrio formará o topo do triângulo. Na segunda-feira, Vênus e Júpiter vão estar lado a lado, a menos de 1 grau de distância. “Depois disso, Vênus e Mercúrio vão continuar subindo mais alto no céu escuro, enquanto Júpiter cai em direção ao sol”, disse a StarDate.


Fonte: Science.nasa , Stardate

sábado, 25 de maio de 2013

Ossada de plesiossauro é achada em gaveta de museu




Réptil de 3 a 3,5 metros era pequeno em relação a outros plesiossauros (Foto: BBC)Réptil de 3 a 3,5 metros era pequeno em relação a
outros plesiossauros (Foto: BBC)
Cientistas alemães divulgaram a descoberta de uma nova espécie de plesiossauro, animal pré-histórico da época dos dinossauros, cujo esqueleto estava há cem anos engavetado sem classificação.
O Museu de História de Natural de Berlim anunciou na última semana a descoberta da espécie de réptil marinho Gronausaurus wegneri, que habitava águas costeiras e deltas de rios há cerca de 137 milhões de anos, no período do Cretáceo Inferior.
Em entrevista à BBC Brasil, o paleontólogo Oliver Hampe, responsável pela descoberta, explicou não ser comum encontrar depósitos do Cretáceo Inferior pelo mundo, na comparação com o período Jurássico ou do Cretáceo Superior. "Por isso, (a descoberta) faz aprendermos mais sobre a evolução no período, principalmente do grupo dos Plesiossauros."
O "monstro" pré-histórico, como é chamado pelo museu, media entre 3 a 3,5 metros de comprimento, pequeno em relação a outros plesiossauros - que podiam chegar a ter até cerca de 20 metros de comprimento - e aos vizinhos mais famosos do período, os dinossauros - que por serem terrestres, pertencem a grupos diferentes.
Bons nadadores, os Gronausaurus wegneri não possuíam braços ou pernas, sendo semelhantes ao "primo'' Leptocleidus capensis (na ilustração ao lado), também da família de répteis aquáticos Leptocleididae.
Espécie de répteis teria parentesco com o réptil aquático Leptoceidus Capensis (Foto: BBC)Espécie de répteis teria parentesco com o réptil
aquático Leptoceidus Capensis (Foto: BBC)
Fósseis em gavetas
Os ossos do plesiossauro estudado foram encontrados em escavações na região da Renânia do Norte-Vestfália, na fronteira entre a Alemanha e os Países Baixos, em 1912, junto a outros achados fósseis.
Entre estes, estava o Brancasaurus brancai, descoberto pelo paleontólogo Theodor Wegner, em 1914, que também registrou nos seus escritos a existência de um segundo esqueleto não-classificado.
Guardado pelo Museu Geológico da Universidade de Münster, o fóssil do Gronausaurus wegneri só caiu nas mãos de Hampe no começo dos anos 2000, que o transferiu para o Museu de História Natural de Berlim para pesquisa. "Entre o trabalho com esse material e outros projetos paralelos, foram cerca de dez anos para confirmar que era realmente uma nova espécie'', contou.
O fato de o esqueleto pré-histórico ficar engavetado por um século não é um acontecimento isolado e é possível que outras descobertas do tipo ainda sejam feitas. "Isso é comum, na verdade. Quando o cientista vai a campo, ele geralmente encontra mais material do que é capaz de trabalhar e cuida primeiro daquele encontrado diretamente. O restante é armazenado para avaliação futura e pode ser esquecido", segundo Hampe.
O esqueleto do Gronausaurus wegneri pertence ao Museu Geológico da Universidade de Münster e ainda não há previsão para ser exibido ao público
Fonte: G1.

Mineradoras preocupadas com marco regulatório para terras raras

A definição de um marco regulatório para exploração dos chamados elementos terras raras – utilizados na indústria de alta tecnologia, como a de tablets, telas LCD e veículos elétricos ­– tem sido acompanhada com preocupação pelas empresas mineradoras, conforme evidenciou Paulo de Tarso Fagundes, diretor da Mineradora Serra Verde.
Também o representante da Vale S/A, Edson Ribeiro, disse temer que um regramento específico para os minerais estratégicos venha a afastar investidores e limitar o mercado. Os dois executivos participaram nesta quinta-feira (23) de audiência pública da Subcomissão Temporária de Elaboração de Projeto de Lei do Marco Regulatório da Mineração e da Exploração de Terras-raras no Brasil, presidida pelo senador Anibal Diniz (PT-AC).
– O momento é de muita preocupação para o nosso setor mineral, que está à espera da definição do projeto do novo marco regulatório da mineração. Existem muitas dúvidas e indagações sobre o que será exigido pela nova lei – disse Fagundes.
Nesse mesmo sentido, o representante da Vale disse considerar a criação de um marco regulatório específico para os terras raras "uma medida contraprodutiva".
– Na verdade, vai trazer ainda mais incerteza para o setor produtivo. Já não chega o mercado que não existe, não tenho certeza de preço e ainda tenho uma lei restritiva e não sei se terei mercadoria para vender? Incerteza regulatória afasta o investidor, isso não atrai o investidor – frisou Edson Ribeiro.
Para o relator da subcomissão, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), a preocupação das empresas se deve a uma visão equivocada de que o novo marco regulatório seria estatizante. Ao contrário, o senador ressaltou que pretende caminhar no sentido de construir uma legislação que incentive o crescimento do setor.
– Temos a visão de que, se o estado não puder ajudar a atividade econômica, que ele não atrapalhe. Não queremos um marco regulatório que atrapalhe o setor de mineração, como as normas legais atuais, especificamente quanto a esse setor tão vital para o futuro do nosso país – disse Luiz Henrique.
Para o senador, o Brasil deve aproveitar a evolução da chamada indústria "inteligente", que se vale de matérias-primas mais resistentes, mais leves e com maior eficiência energética, e investir para dominar a tecnologia de produção de bens a partir de elementos de terras raras.
– Sabemos que a produção de imãs de terras raras, imãs permanentes, terá aplicação copiosa em produtos eletroeletrônicos. Desde os automóveis híbridos, o futuro automóvel elétrico, as torres de geração de energia eólica e até mesmo um simples aspirador de pó será mais eficiente se for feito com a introdução de imãs de terras raras.

Mercado

A procura por esses elementos estratégicos aumentou devido à valorização da chamada "indústria verde", produtora de equipamentos de menor consumo energético e de componentes para geração de energia limpa, como as turbinas dos parques eólicos. Também foi resultado da disseminação de produtos de alta tecnologia, como smartphones, e de grande valor agregado, como supercondutores e componentes para a aviação.
Essas são características dos 17 elementos químicos chamados de terras raras, que passaram a ser disputados no mercado mundial. Para Luiz Henrique, é urgente que o país avance nesse setor, para não ficar refém da China, que controla 87% da produção e tem reduzido a oferta mundial, para atender à demanda de suas próprias indústrias.
– Temos que ter uma política de conhecimento, de domínio e capacitação tecnológica. E é isso que queremos com o marco regulatório para o setor.
Radioatividade
Também presente ao debate, Alair Veras, das Indústrias Nucleares do Brasil, alertou para cuidados que o país deverá ter se avançar na exploração dos elementos terras raras. Ele explicou que um dos principais minérios que contém esses elementos, a monazita, também contém urânio e tório, que são radioativos. Conforme frisou, na fase inicial da extração, a monazita está em baixa concentração, misturada a outros minérios, não representando preocupação quanto ao nível de radioatividade.
Já com o avanço do processo de mineração, quando ocorre a separação dos elementos, ele diz serem necessários licenciamentos específicos e alerta para a necessidade de um plano para transporte e manuseio do material.
– Nem todo minério de monazita contém urânio e tório, mas a maioria tem. Os que a gente conhece aqui no Brasil contêm bastante urânio e tório. Alguns países abandonaram [a exploração de monazita] porque a radioatividade é difícil de ser manuseada pelo empresário privado ­– contou.
A subcomissão promoverá outra audiência pública no dia 6 de junho, quando pretende ouvir, entre outros convidados, especialistas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e do Serviço Geológico do Brasil.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Google Maps evolui para um serviço de cartografia personalizado

A Google está prestes a assumir um novo desafio no mapeamento, criando em tempo real mapas personalizados para todos os usuários no planeta. Em sua conferência anual de desenvolvedores, realizada nesta semana, a companhia anunciou o novo Google Maps, reconstruído a partir do zero, com novas ferramentas e com um novo design.
Com essas novas ferramentas, os usuários que estão logados no Google Maps terão uma busca personalizada, com destaques em lugares que visita com frequência, como restaurantes, museus, casa e escritório. A ferramenta descobre os lugares e vai desenhando informações, utilizando todos os serviços da Google, incluindo pesquisas de mapas históricos, Google Plus e informações na caixa de e-mail do usuário.
Quando os usuários visitarem uma nova cidade, o Google irá recomendar novos lugares para o usuário, com base em suas preferências e em pessoas com perfil semelhante.
Os mapas mudam em tempo real, por isso, se o usuário clicar em um museu, por exemplo, aparecerá os outros museus da cidade. Ou seja, o usuário escolhe um museu e o mapa mudará automaticamente para que as estradas e marcos necessários para acesso ao mesmo ganhem destaque, deixando outras estradas em segundo plano. Além disso, o novo Google Maps preencherá mais a tela, incluindo espaços horizontais e verticais.
“Todo mundo tem seu próprio mapa, um de cada vez”, disse Jonah Jones, designer chefe dos novos mapas da Google, em uma entrevista antes da conferência.
Google Earth reformulado
Outra novidade revelada é o Google Earth, que mostra imagens por satélite em 3D. O aplicativo, que antes estava apenas disponível para download, agora pode ser incorporados nesta nova versão online do Google Maps. Assim, os usuários poderão aumentar o zoom e explorar com mais facilidade os monumentos de uma cidade em 3D, além de diminuir o zoom e ver o planeta com as condições do clima em tempo real.
Os usuários contam também com a visualização de fotos de vários lugares e dentro de milhares de empresas locais. Rotas de transporte público também foram atualizadas, incluindo um cronograma de horários de partida, com possível comparação de tempos com outros meios de transporte, além da orientação personalizada a partir da casa de cada usuário.
A Google planeja introduzir lentamente os novos mapas para os usuários, começando com os participantes da conferência e depois com pessoas que se inscreveram online. Primeiramente os mapas estarão disponíveis apenas para computadores, mas a empresa também vai atualizar posteriormente para iPhone e Android.
Entre as novidades anunciadas pelo Google:
a)    Mais interatividade: fixar um ponto no mapa mostrará várias informações práticas sobre ele, como as opiniões ou o melhor caminho para chegar lá.
b)    Descoberta de lugares em imagens: Gmaps exibirá um carrossel contendo todas as imagens em um local provenientes de diversos recursos do Google, especialmente com a integração de conteúdo visual do Google Earth (imagens 3D)
c)    Escolha e cálculo de itinerário: Surgimento de uma nova ferramenta para comparação de itinerários por meio do transporte disponível, escolha os mais pertinentes.
d)    Personalização de maps de acordo com as pesquisas (precisa estar conectado com seu ID do Google): as pesquisas anteriores são consideradas para facilitar a descoberta de resultados mais pertinentes, como e quando utilizar o serviço.
A nova versão do Google Maps pode ser testado, com convite, clique aqui.
Para saber mais, clique aqui.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Asteroide do comprimento da avenida Paulista sobrevoa Terra este mês



Asteroide 1998 QE2 com 2,7 quilômetros de comprimento passará a 5,8 milhões de quilômetros da Terra em 31 de maio de 2013. Na imagem, a órbita da Terra é a linha azul a do asteroide é a linha verde 

Nasa/JPL-Caltech


Um asteroide com 2,7 quilômetros de comprimento, o tamanho da avenida Paulista em São Paulo, vai sobrevoar a Terra no dia 31 de maio, anunciaram nesta sexta-feira (17) investigadores ao site space.com. O corpo celeste, denominado 1998 QE2, não representa uma ameaça para o planeta e passará a uma distância de 5,8 milhões de quilômetros da Terra. A maior distância da Terra a Lua é de 405,7 mil km e do Sol é cerca de 150 milhões de km.
A aproximação do asteroide à Terra será examinada por dois grandes telescópios - o observatório Goldstone, na Califórnia, e o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. O asteroide 1998 QE2 foi descoberto em agosto de 1998 por astrônomos do projeto Lincoln Near-Earth Asteroid Research (Linear), do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
O nome do asteroide vem da organização Centro de Planetas Menores, em Cambridge, que o nomeia de acordo com um sistema alfanumérico que demonstra a data em que o corpo celeste foi descoberto.


  Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, destinou cerca de US$ 17 bilhões (mais de R$ 33 bilhões) do Orçamento do país em 2014 para a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) administrar. A Agência deve gastar aproximadamente US$ 100 milhões (cerca de R$ 200 milhões) no próximo ano para começar a construir uma nave-robô que rebocará um asteroide para a Lua até 2025 (foto). Se os cientistas conseguirem colocar o asteroide em órbita estável ao redor do satélite, eles vão criar postos permanentes no espaço que vão ajudar as longas viagens de missões espaciais - a Nasa planeja enviar astronautas para Marte em 2030. Além disso, a captura do asteroide ajudará na atividade de mineração espacial e nas pesquisas para desviar objetos em rota de colisão com a Terra Nasa TV

Em março,  o asteroide 2013 ET de 140 metros de comprimento, o tamanho de um quarteirão, passou a 950 mil quilômetros da Terra. A distância é cerca de duas vezes e meia a que separa o planeta da Lua.
Diante destes fatos recentes, astrônomos começaram a demonstrar preocupação quanto a possibilidade de a Terra ser atingida por objetos espaciais. "Os grandes asteroides são uma ameaça cada vez maior para a Terra, por isso será preciso investir mais no estudo destes corpos celestes, que até agora não estavam no centro das investigações espaciais", afirmou o cientista Yuri Zaitsev, da Academia de Engenharia da Rússia.
Fonte: UOL Ciência



Corrida por mineração no fundo do mar gera polêmica


Mineração
Ideia de explorar metais do leito oceânico vem sendo considerada há décadas
As perspectivas de uma "corrida do ouro" nas profundezas do mar, abrindo um polêmico caminho para a mineração no leito oceânico, estão mais próximas.

A ONU recém-publicou seu primeiro plano para o gerenciamento da extração dos chamados "nódulos" - pequenas rochas ricas em minerais - do fundo do mar.

A ideia de explorar ouro, cobre, manganês, cobalto e outros metais do leito oceânico foi considerada por décadas, mas só recentemente se tornou factível, por conta do alto preço das commodities e de tecnologias mais modernas.Um estudo técnico promovido pela Autoridade Internacional do Leito Oceânico (ISA, na sigla em inglês), o órgão da ONU que controla a mineração nos oceanos, diz que as companhias interessadas podem pedir licenças a partir de 2016.
Especialistas em proteção ambiental vêm advertindo há tempos que a mineração no leito oceânico pode ser altamente destrutiva e poderia ter consequências de longo prazo desastrosas para a vida marinha.
O próprio estudo da ONU reconhece que a mineração provocará "danos ambientais inevitáveis".
Mas o relatório foi divulgado em meio ao que um porta-voz do órgão descreve como "um aumento sem precedentes" no interesse das companhias estatais e privadas.

Divisão de receitas

O número de licenças emitidas para a busca de minerais já chega a 17, com outras sete prestes a serem emitidas e muitas mais em análise. Elas cobrem vastas áreas dos Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
De acordo com a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, a ISA foi estabelecida para estimular e administrar a mineração do fundo do mar para o benefício mais amplo da humanidade - com uma parcela dos lucros dirigida para os países em desenvolvimento.
Agora o órgão está dando o passo significativo de não só mais simplesmente manejar pedidos para exploração mineral, mas também considerar como licenciar as primeiras operações reais de mineração e como dividir as receitas.
"Estamos à beira de uma nova era de mineração do leito marinho profundo", disse à BBC o conselheiro legal do ISA, Michael Lodge.
A atração é óbvia. Uma análise do leste do Pacífico - uma área de 5 milhões de quilômetros quadrados conhecida como zona Clarion-Clipperton - concluiu que mais de 27 bilhões de toneladas de nódulos poderiam estar misturadas à areia.
Essas pedras poderiam conter 7 bilhões de toneladas de manganês, 340 milhões de toneladas de níquel, 290 milhões de toneladas de cobre e 78 milhões de toneladas de cobalto - apesar de ainda não se saber o quanto disso é acessível.

Operações viáveis

ONU tenta avaliar quais empresas têm a capacidade técnica para atividade
De acordo com o estudo de planejamento, a ISA enfrenta o desafio de tentar garantir que os benefícios da mineração de nódulos cheguem além das próprias companhias e ao mesmo tempo fomentar operações comercialmente viáveis.
O plano se baseia em prover operadores com incentivos para assumir riscos no que poderiam ser investimentos caros sem perder a chance de os países em desenvolvimento receberem uma fatia das receitas.
A ISA tenta agora avaliar que companhias têm capacidade suficiente para desenvolver o trabalho, ainda que nenhuma empresa tenha experiência específica nessa nova modalidade de mineração.
Um fator chave na avaliação da ISA é a necessidade de salvaguardas ambientais, então o documento pede o monitoramento do leito marinho durante qualquer operação de mineração - apesar de os críticos questionarem se a atividade na profundeza dos oceanos pode ser policiada.

Debate

As perspectivas da mineração no fundo do mar já geraram um forte debate entre cientistas marinhos.
"Não creio que nós tenhamos a propriedade sobre o oceano profundo, no sentido de que possamos fazer o que quisermos com ele", afirma Jon Copley, biólogo da Universidade de Southampton e chefe de missão do navio de pesquisas britânico James Cook.
"Em vez disso, nós dividimos a responsabilidade por sua condução", diz. "Nós não temos um histórico bom em alcançar um balanço em nenhum outro lugar - pense nas florestas tropicais -, então a questão é: 'Será que conseguiríamos acertar?", questiona.
O também biólogo Paul Tyler, do Centro Nacional Oceanográfico, da Grã-Bretanha, adverte de que espécies únicas podem ser colocadas em risco.
"Se você limpa aquela área pela mineração, aqueles animais terão que fazer uma dessas duas coisas: ou se dispersam e colonizam outra fissura hidrotermal em outro lugar ou eles morrem", comenta.
"E o que acontece quando elas morrem é que a fissura se torna biologicamente extinta", diz.
A química marinha Rachel Mills, da Universidade de Southampton, sugere um debate mais amplo sobre a mineração em geral, com o argumento de que todos nós usamos minerais e que as minas em terra são muito maiores do que seria qualquer uma no leito do mar.
Ela fez pesquisas para a Nautilus Minerals, uma empresa canadense que planeja explorar minas nas fissuras hidrotermais na costa da Papua Nova Guiné.
"Tudo o que nos cerca, e a maneira como vivemos, depende de fontes minerais, mas não nos perguntamos com frequência de onde eles veem", afirma.
"Precisamos nos perguntar se há mineração sustentável em terra e se há mineração sustentável no mar. Acho que são as mesmas questões morais que devemos colocar se é nos Andes ou no Mar de Bismarck", diz.
Esse debate deve crescer mais com a proximidade cada vez maior do início das operações de mineração.

Fonte: BBC

Estudo diz que geleiras da região do Everest diminuíram 13% em 50 anos


Imagem de dezembro de 2009 mostra montanhas e uma geleira na região do monte Everest, a 140 km de distância de Kathmandu. Milhões de pessoas estão sob ameaça de derretimento das geleiras do Himalaia, de acordo com cientistas, (Foto: Prakash Mathema/AFP)Imagem de dezembro de 2009 mostra montanhas e uma geleira na região do monte Everest, a 140 km de distância de Kathmandu. (Foto: Prakash Mathema/AFP)
Cientistas divulgaram nesta semana que o Monte Everest, a maior montanha do mundo, já sofre impactos do aumento da temperatura global.

De acordo com o estudo, anunciado em uma conferência realizada em Cancún, no México, em 50 anos o gelo encontrado na região do Everest reduziu-se em 13% e pontos da montanha que antes ficavam totalmente cobertos já são visíveis.
Geleiras com tamanho médio de 1 km² estão desaparecendo mais rapidamente e foi detectada uma redução de 43% da presença delas na superfície da montanha desde 1960. A exposição de rochas e escombros que antes ficavam nas profundezas do gelo aumentou 17% desde 1960. Já as extremidades das geleiras recuaram, em média, 400 metros nos últimos 50 anos.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Milão, na Itália, há suspeita de que a grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa seja a principal causa da redução do gelo e neve na região do Everest. No entanto, eles ainda não estabeleceram uma ligação entre as mudanças na montanha e as mudanças climáticas.
Ritmo crescente de degelo
Segundo o pesquisador Sudeep Thakuri, que liderou a equipe de cientistas durante o trabalho, patrocinado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), as informações foram obtidas com a ajuda de imagens de satélite do Parque Nacional Sagarmartha, além de mapas topográficos e reconstrução da história glacial da região. A análise estatística mostra ainda que a maioria das geleiras do parque recuam a ritmo crescente.
Dados hidrometeorológicos avaliados pelos cientistas apontaram também que, desde 1992, a temperatura da região do Monte Everest aumentou 0,6 ºC e as chuvas diminuíram em 100 milímetros nos períodos que antecipam as monções (mudança de ventos que proporcionam chuvas intensas durante os períodos de junho a agosto) e nos meses de inverno. 
A próxima etapa da pesquisa é integrar os dados sobre as geleiras, a hidrologia e o clima na região, para entender melhor o ciclo das chuvas e a futura disponibilidade de água no Himalaia. “As calotas polares e o gelo himalaio são considerados uma fonte de água para a Ásia, para o consumo, agricultura e produção de energia”, explicou Thakuri.
Fonte: G1

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Derretimento de geleiras não-polares causa 30% da elevação do mar


Geleira Aletsch, nos Alpes Suíços (Foto: Frank Paul/Universidade de Zurique/Divulgação)Geleira Aletsch, nos Alpes Suíços (Foto: Frank Paul/Universidade de Zurique/Divulgação)

Geleiras são áreas em que a quantidade de neve que se acumula é maior que a que derrete, o que leva à existência de um volume constante de gelo. Cerca de 99% do volume de gelo na Terra fica nas zonas polares, e o outro 1% se acumula nas geleiras, que ficam distribuídas pelos continentes, geralmente em áreas muito altas e montanhosas. Quando esse gelo derrete, dá origem a rios e a água chega, enfim, aos oceanos.
A pesquisa usou dados de satélite da Nasa obtidos entre 2003 e 2009 e, pela primeira vez, fez um cálculo preciso do efeito que as geleiras tiveram sobre o aumento do nível do mar – uma média de 0,7 milímetros por ano. É o mesmo volume que as geleiras dos dois polos despejaram juntas nos oceanos.
“Como a massa global dessas geleiras é relativamente pequena em comparação com o volume gigante de gelo na Groenlândia e na Antártica, as pessoas tendem a não se preocupar”, afirmou Tad Pfeffer, pesquisador da Universidade do Colorado, nos EUA, em material divulgado pela Nasa. No entanto, ele definiu essas formações hidrológicas como “um colaborador importante para o aumento do nível do mar”.
De acordo com as estimativas atuais, se todo o gelo das geleiras não-polares derretesse, o nível do mar subiria em 60 centímetros. Como base de comparação, o gelo acumulado na Groenlândia é suficiente para aumentar o nível do mar em 6 metros, e o da Antártica faria os oceanos subirem 60 metros.
Fonte: G1

Novas explosões do vulcão Popocatépetl


Explosão do vulcão Popocatepetl, perto da Cidade do México, registrada no dia 15. Duas novas explosões ocorreram nesta sexta-feira (17) (Foto: Arturo Andrade/AFP)

Explosão do vulcão Popocatepetl, perto da Cidade do México, registrada no dia 15. Duas novas explosões ocorreram nesta sexta-feira (17) (Foto: Arturo Andrade/AFP)
O vulcão Popocatépetl, localizado no centro do México e em atividade constante há duas semanas, registrou duas fortes explosões nas últimas horas, que incluíram a expulsão de fragmentos incandescentes nas laterais da montanha, informou uma autoridade oficial nesta sexta-feira (17).
As duas explosões ocorreram entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sexta e os fragmentos se espalharam por uma distância de até 1.500 metros do vulcão, detalhou em seu último relatório o Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred), que mantém o mesmo nível de alerta desde domingo.
O Popocatépetl, segundo maior vulcão do México, com 5.452 metros de altitude, também registrou nas últimas horas 31 exalações de intensidade baixa a moderada, que foram acompanhadas por emissões de vapor d'água, gases e em algumas ocasiões pequenas quantidades de cinzas.
A segunda explosão gerou uma coluna de cinzas de 4 quilômetros de altura, detalhou o Cenapred, indicando que as condições de nebulosidade não permitem em algumas ocasiões o monitoramento visual do vulcão.
Impacto na população
O organismo reiterou se este tipo de atividade do Popocatépetl pode gerar uma possível expulsão de lava e uma chuva de cinzas sobre povoados próximos. A presença de cinzas no ambiente dos arredores do vulcão também afetou as operações aéreas no aeroporto internacional do estado de Puebla (centro), situado 90 km a sudeste da Cidade do México.
Duas companhias aéreas decidiram cancelar seus voos, um com destino a Houston (EUA), nesta quinta-feira, por precaução. As autoridades mexicanas prepararam um plano para uma possível evacuação de moradores das comunidades próximas ao vulcão desde que o Cenapred elevou no domingo o alerta ao nível Amarelo Fase Três, uma anterior à evacuação preventiva.
Em caso de aumento da atividade do vulcão, a evacuação contemplada abrangeria 3.000 pessoas que moram nas regiões baixas dos povoados mais vulneráveis, informou o Cenapred. O Popocatépetl fica na fronteira entre os estados de Puebla, Morelos e México (centro) e 650 mil habitantes vivem nas zonas de risco, segundo dados oficiais.
Fonte: G1

Leilão mostra que petróleo do Brasil não pode ser ignorado


Pela primeira vez em quase cinco anos, a debilitada indústria do petróleo do Brasil recebeu um importante choque de interesse de investidores privados, e analistas disseram que os resultados da 11a rodada mostraram que o Brasil é simplesmente uma oportunidade grande demais para ser ignorado.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vendeu 142 áreas de exploração a 30 empresas de 12 países na terça-feira, encerrando o leilão previsto para durar dois dias em um único dia. Foi a primeira licitação desde que uma década de vendas anuais foram interrompidas em 2008.
Os vencedores concordaram em pagar um recorde de 2,82 bilhões de reais em dinheiro pelos direitos e se comprometeram a investir cerca de 7 bilhões de reais ao longo de cerca de cinco anos na exploração, disse a ANP. A maioria das áreas está em regiões fronteiriças de alto risco, com pouca ou nenhuma produção de petróleo.
O Brasil não conseguiu corresponder às suas promessas como um novo e importante produtor, com um aumento das intervenções do governo e um novo modelo regulatório desencorajando os investidores privados nacionais e estrangeiros. A produção de petróleo estagnou nos últimos anos, e as importações subiram.
Mas analistas consideram que as empresas não podem ficar distantes do potencial petrolífero do país.
"Sim, o Brasil teve problemas, mas o leilão coloca as coisas em perspectiva", disse Cleveland Jones, geólogo do Instituto Brasileiro de Petróleo, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
"O Brasil tem um enorme potencial, e é um lugar muito menos arriscado do que a Nigéria, a Venezuela ou a Rússia."
As reservas de petróleo nas bacias de Campos e Santos, uma extensão da área onde jazidas gigantes foram encontradas em 2007, podem conter até 100 bilhões de barris, disse ele, o suficiente para atender a cerca de três anos das necessidades mundiais.
A ANP estima a quantidade de petróleo vendida no leilão de terça-feira em cerca de 35 bilhões de barris in situ.
Entre os maiores vencedores da rodada estão a britânica BG Group Plc, que se ofereceu para pagar 416 milhões de reais por participações em 10 blocos no Brasil, a OGX Petróleo e Gás SA, que vai pagar 376 milhões de reais por participações em 13 blocos, e a francesa Total, que concordou em pagar 372 milhões de reais por uma participação em dez blocos, segundo dados preliminares da ANP compilados pela Reuters.
Empresas da Austrália, Noruega, Colômbia e Espanha também arremataram blocos.
AMBIENTE DIFÍCIL
Desde o último leilão, o Brasil tem enfrentado dificuldades para cumprir o seu potencial como uma potência petrolífera.
Em 2008, a estatal Petrobras disse que gastaria 112 bilhões de dólares ao longo de cinco anos para aumentar a produção em 50 por cento para cerca de 3,5 milhões de barris por dia em 2012, um volume que teria feito o país superar tanto México quanto Venezuela como maior produtor da América Latina.
No entanto, a produção subiu apenas 13 por cento em cinco anos, para cerca de 2,68 milhões de barris, enquanto as ações da Petrobras recuaram para níveis menores do que os registrados antes das gigantescas descobertas de 2007.
A Petrobras concordou em pagar 540 milhões de reais por participações em 35 blocos, sendo a grande vencedora na terça-feira, mas a atuação da estatal foi proporcionalmente menor do que em leilões anteriores.
As empresas não-estatais também tiveram dificuldades. A Chevron Corp e sua parceira de perfuração Transocean Ltd. enfrentam cerca de 20 bilhões de dólares em ações cíveis por um vazamento de petróleo equivalente a 3,5 mil barris de petróleo em 2011 em Campos, apesar de afirmações da ANP de que nenhum dano ambiental perceptível foi feito, e de a Chevron ter rapidamente realizado a limpeza do local.
Apesar dessas dificuldades, a Chevron não hesitou na terça-feira em pagar 31,4 milhões de reais por participações em um bloco.
O leilão, no entanto, pode ajudar o Brasil a romper com um ciclo de notícias negativas, e dar às empresas as reservas futuras necessárias para manter o investimento fluindo, disse João Carlos de Luca, diretor do IBP, a associação da indústria de petróleo do Brasil.
"Eu acho que nós podemos deixar muitas das dificuldades enfrentadas nos últimos anos para trás", disse ele. "A demanda no leilão foi muito forte, cerca de 40 por cento acima das minhas próprias estimativas."
DEMANDA REPRIMIDA
No final, a crescente demanda mundial por petróleo, e o apelo relativo do Brasil como uma fronteira de petróleo atraiu novamente os investidores.
Após ansiosos preparativos para o leilão, o governo brasileiro manifestou alegria sobre os altos lances.
"Nunca vi nada assim", disse Marco Antonio Martins Almeida, secretário de Petróleo no Ministério de Minas e Energia do Brasil, na terça-feira.
A OGX Petróleo e Gás SA, prejudicada por promessas não cumpridas, saiu do leilão parecendo mais forte. Controlada pelo bilionário brasileiro Eike Batista, a OGX viu suas ações subirem por otimismo sobre o potencial petrolífero do Brasil.
A OGX venceu 13 blocos no leilão, dez sozinha e três em parceria, e foi o principal parceiro no leilão da Exxon Mobil Corp, principal empresa de petróleo dos EUA.
A Exxon levou participações de 50 por cento em dois blocos com a OGX por 63,9 milhões de reais, de acordo com informações da ANP compiladas pela Reuters.
As ações da OGX subiram 5,4 por cento em São Paulo na terça-feira, e operavam em alta de quase 4 por cento nesta quarta-feira, por volta das 11h30.
As empresas petrolíferas de países asiáticos de rápido crescimento adotaram cautela. Só a malaia Petronas, que recentemente comprou participação em blocos da OGX, foi mais ativa, mas não ganhou nenhum bloco.
"Acho que as companhias de petróleo chinesas e asiáticas querem reservas com mais promessa de rápido desenvolvimento", disse De Luca, do IBP. "Essas áreas de fronteira vão levar tempo para se desenvolver."
Ele espera que as empresas asiáticas apareçam no leilão de novembro, do pré-sal
(Reportagem adicional de Kristen Hays em Houston e Pedro Fonseca, Sabrina Lorenzi, Gustavo Bonato e Walter Brandimarte no Rio de Janeiro)

Fonte: Reuters - 15/05/2013 - Por Jeb Blount (Reportagem adicional de Kristen Hays em Houston e Pedro Fonseca, Sabrina Lorenzi, Gustavo Bonato e Walter Brandimarte no Rio de Janeiro)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Expedição acha 'continente perdido' a 1.500 km do litoral do Brasil





Uma expedição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), com a cooperação da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec), deixou pesquisadores mais perto de concluírem que a Elevação do Alto Rio Grande, região mais rasa localizada a cerca de 1.500 quilômetro da costa Sudeste do país, é uma parte da Plataforma Continental Brasileira que se desprendeu e afundou com o movimento das placas tectônicas.
O anúncio foi feita nesta segunda-feira (6) no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, onde representantes da Jamstec, da Embaixada do Japão no Brasil e do governo brasileiro se reuniram  para celebrar a cooperação entre os dois países e para dar início à exposição A Nova Fronteira do Conhecimento.
As novas conclusões foram obtidas a partir do apoio do submergível japonês Shinkai 6500, capaz de chegar a 6.500 metros de profundidade e que foi usado para coletar material da região do Alto Rio Grande. Por meio de dragagem, pesquisadores brasileiros já tinham encontrado granito na região e, agora, confirmaram a presença da rocha com os mergulhos possibilitados pelo veículo. Menos denso que as rochas normalmente do fundo do oceano, o granito está mais associado aos continentes. O Pão de Açúcar, por exemplo, é feito de granito.
"O fato de haver um continente naquela região nos abre outras possibilidades. Até que ponto [o achado] foi uma extensão de São Paulo que se desgarrou e ficou para trás? Isso nos leva a pensar no que fazer para a região. Não só conhecer, mas requerer essa área", disse Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais do CPRM. Ele conta que o Alto Rio Grande tem sido chamado de "Atlântida" no órgão em referência ao mitológico continente que teria afundado no oceano.
O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas Ventura estima que seja comparável ao estado de São Paulo. O diretor conta que países como Rússia e França já reivindicam áreas no Atlântico Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo estratégico para o Brasil, que tem a maior costa do oceano. A longo prazo, segundo o geólogo, a região pode se tornar um ponto de mineração submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.
O Shinkai 6500 custou cerca de US$ 130 milhões ao governo japonês e faz pesquisas em águas profundas desde 1991. Também foram investidos US$ 100 milhões no navio Yokosuka, para adequar a embarcação para transportar o submergível. Hiroshi Kitazato, pesquisador japonês que coordenou os trabalhos da Jamstec na expedição, destacou o interesse do país asiático em pesquisar o oceano: "Essa é a região que menos foi explorada no mundo inteiro. Então, acreditamos que é muito importante pesquisá-la. Antes, o Shinkai fez expedições mais próximas ao Japão, no Índico e no Pacífico".
Roberto Ventura conta que um submergível como o Shinkai e um navio como o Yokosuka são tecnologias que "não podem ser compradas em prateleiras", pois precisam ser desenvolvidas e operadas por pessoal capacitado, condições de que o Brasil ainda não dispõe. O pesquisador criticou a burocracia a que estão submetidas pesquisas científicas, que precisam de importações de peças. "O nosso amadurecimento precisa ser na questão burocrática também. Para a gente competir, do ponto de vista tecnológico, em ciência, a gente precisa ser muito mais ágil", destacou.
O pesquisador do CPRM Eugênio Frazão esteve em um dos sete mergulhos em grande profundidade. Ele levou cerca de uma hora e meia para atingir a profundidade de 4.200 metros - o mergulho durou cerca de oito horas. Ele destaca que, além de rochas continentais, foram encontradas espécies não conhecidas em situações muito adversas e até um coral com caraterísticas específicas de águas profundas.
A expedição Iatá-Piuna (navegando em águas profundas e escuras, em tupi-guarani) teve início em 13 de abril, na Cidade do Cabo, na África do Sul e percorreu, no primeiro trecho, a Elevação do Rio Grande e a Cordilheira de São Paulo. No segundo trecho, será explorado o Platô de São Paulo. Seis pesquisadores brasileiros acompanham o navio que depois de pesquisar o Atlântico Sul, segue para o Mar do Caribe.